sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Uma Infeliz Necessidade

Vejo com muita tristeza a necessidade crescente no mundo todo, e bastante recente no Brasil, de enfatizar a “Ciência baseada em Evidência”. Devo dizer que minha desilusão não se refere ao fato em si – afinal, nada mais correto do que difundir este paradigma – mas sim à necessidade de fazê-lo.
Parece tão óbvio que a ciência precisa ser embasada em evidência, contudo, vemos com grande frequência, práticas médicas invalidadas ou mesmo medievais, vertentes psicoterapêuticas sem embasamento empírico, teorias pedagógicas ultrapassadas, linhas de pesquisa sociológicas e antropológicas que vão contra evidências evolucionistas, autoras de best-sellers famosos internacionalmente divulgando que “a ciência prova que o pensamento positivo tem mais força que o negativo”... Enfim, até que ponto nós chegamos, quanto à compreensão e aplicação de o que é “Ciência”?!
Richard Dawkins, em diversas conferências (principalmente nas relacionadas à divulgação de seu penúltimo livro: “Deus: um delírio”) enfatiza sempre que a “ciência é uma crença embasada em evidência” enquanto que “religião é uma crença na ausência de evidência”. Ele está totalmente correto, mas eu ampliaria mais o leque da segunda categoria, expandindo para além dos ritos religiosos propriamente ditos, e incluindo algumas práticas sutis da Medicina, Psicologia, Pedagogia, Sociologia, Antropologia, enfim, que discretamente mascaram a inexistência de evidências que embasem sua prática.
Sim, apesar de ser vergonhoso, é totalmente necessário difundir para a população e também para os profissionais, o que é “Ciência”, e os critérios que ela precisa ter para se manter como tal.

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